terça-feira, 16 de abril de 2013

CARANDIRU : Ex-governador Fleury , a responsabilidade politica é minha.

O ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho (1991-1994) e seu então secretário de Segurança, Pedro Franco de Campos, foram as principais testemunhas presentes no segundo dia do julgamento dos 25 policiais militares acusados de matar 15 detentos no Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo, conhecida como Carandiru, em outubro de 1992. Outros três desembargadores foram ouvidos nesta terça-eira (16).
Fleury e o secretário confirmaram as expectativas dos especialistas ao assumirem parte da responsabilidade, mas atribuirem ao coronel Ubiratan Guimarães – morto em 2006 - a maior parte dela: a decisão de invadir o Pavilhão 9, onde horas antes dois líderes de gangue iniciaram uma briga que inflamou os detentos
O ex-governador iniciou sua fala dizendo “que o coronel Ubiratan Guimarães foi atingido por um tubo de televisão e desmaiou. Isso causou comoção na tropa”, o que poderia ter resultado na invasão. Segundo Fleury, sua participação foi discreta, inclusive nas investigações: “precisava preservar a imparcialidade das investigações”.
O hoje advogado Fleury disse que não era obrigação sua visitar o local do massacre. “Eu era governador, para isso existe uma hierarquia”, disse ele, que só aceitou sua responsabilização política. “A responsabilidade política é minha; a criminal caberá aos jurados decidir.” Questionado sobre o papel dos policiais – que podem ter optado pela invasão sem autorização prévia –, o ex-governador defendeu a corporação, mas disse que “a PM responde ao secretário de segurança”: “quem tomou a atitude foi apoiado por todas as autoridades.”
Fachada do Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, neste terça-feira, no segundo dia de julgamento do massacre do Carandiru  Próximo a falar, o depoimento do secretário seguiu na mesma linha. Franco admitiu sua participação ao entregar a Ubiratan a decisão de invadir o Pavilhão 9. Campos afirmou que sua ordem ao coronel Ubiratan foi “explícita”: “se for necessário, pode entrar”. Em depoimento de pouco mais de 30 minutos, ele disse que repetiria a decisão se ela precisasse ser tomada hoje: “a mesma situação, o mesmo procedimento.
Em sua fala, o desembargador Ivo de Almeida, que cumpria função de juiz-corregedor em 1992, reforçou que a invasão se deu após o consentimento das autoridades, mas reconheceu que o caso alterou o modo de ação do Estado em casos de rebelião.
"Enviamos o [Batalhão de] Choque, a Rota faz parte dele. Mas, Rota nunca mais", disse ao júri. O juiz José Augusto Mazargão o questionou sobre sua experiência em rebeliões. "Hoje temos duas realidades: antes e depois do Carandiru. Nada se aplica para hoje."
Em sua vez de falar, o desembargador Fernando Antônio Torres Garcia confirmou a necessidade de intervenção no complexo após tentativas frustradas de negociação. "É evidente que a situação era crítica e que havia necessidade da polícia dominar. Mas daí resultar em 111 mortos? Não há nexo."
De acordo com ele, não houve maquiagem sobre o número de mortos. "A apuração [sindicância realizada pela corregedoria] levou em conta tudo, até depoimentos fantasiosos [dos presos]."
O segundo dia de julgamento terminou com a leitura de alguns volumes do processo para os jurados, que acompanhavam a leitura enquanto a advogada dos policiais, Ieda Ribeiro de Souza, retirava seus clientes do plenário.
Por meio de uma negociação com a promotoria, Ieda escolheu quatro réus para depor amanhã em nome dos 25 acusados. Depois dos depoimentos, defesa e acusação debaterão sobre as investigações e testemunhos. Em seguida, os jurados tomarão sua decisão.


Ouvistes o que foi dito aos antigos Não matarás ; mas qualquer que matar será réu de juizo. MATEUS 5/21

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