domingo, 8 de setembro de 2013

GRUPO TEATRAL "DO LADO DO CÁ" : HISTÓRIAS REAIS DO COTIDIANO DE DETENTOS E EX-DETENTOS.

Na Penitenciária Adriano Marrey, em Guarulhos (SP), detentos sobem ao palco para encenar dramas semelhantes aos seus. As atividades teatrais são momentos de reflexão e buscam dar suporte psicológico para os internos enfrentarem os desafios que os esperam além das grades. A iniciativa é da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo (SAP/SP), parceira do Programa Começar de Novo, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), voltado à reinserção social de detentos e ex-detentos. O Grupo Teatral Do Lado de Cá foi criado no início de 2011, por iniciativa dos educadores Igor Rocha e Valdinei Araújo de Freitas e  do diretor de teatro Jorge Spínola. Na Penitenciária Adriano Marrey, que abriga 2 mil detentos, as atividades teatrais são desenvolvidas  com iniciativas que oferecem oportunidades de capacitação profissional e de trabalho. 

“O teatro dá o suporte psicológico que as atividades profissionalizantes não dão. Os temas abordados nas peças levam os internos a refletir sobre o que fizeram e sobre os desafios do futuro, principalmente o preconceito que vão enfrentar. Queremos que a saída da prisão seja o menos traumática possível”, explicou o educador Igor Rocha.

Dos nove integrantes do grupo Do Lado de Cá, a maioria estava, ao final de 2011, prestes a sair da prisão, seja em função da progressão da pena ou da conquista da liberdade. Igor, embora já esteja providenciando a formação de novo elenco para 2012, ainda mantém contato com os “atores” da formação anterior para acompanhar sua reintegração à sociedade. 

O educador diz estar duplamente feliz. “Todos os nove estão trabalhando fora da penitenciária. Além disso, nenhum deles retornou à criminalidade. Ou seja, a reincidência entre os que participaram do projeto é zero”, comemorou, acrescentando que eles estão empregados em atividades como montagem de móveis, telemarketing e trabalho no comércio, entre outras.

As encenações do grupo Do Lado de Cá são inspiradas no Teatro do Oprimido, de Augusto Boal, com quem Igor Rocha teve oportunidade de fazer curso técnico. Ao longo de 2011, o grupo fez diversas apresentações, dentro e fora da penitenciária, da peça intitulada O Dia em que a Casa Caiu. 

As histórias contadas na peça refletem a opressão que marca o cotidiano de detentos e ex-detentos. Elas vão evoluindo até chegar o momento do confronto. Uma das histórias é sobre o ex-detento que consegue emprego em uma transportadora e é chamado para transportar uma carga valiosa. Antes da viagem, porém, chega ao conhecimento do patrão o histórico penal do funcionário.  Mesmo diante da promessa do ex-detento de não querer voltar ao crime, o patrão o demite. 

“Então o drama vivido pelo oprimido é colocado para a plateia. Pergunta-se: o que você faria no lugar dele? Em seguida, pessoas da plateia são convidadas a subir ao palco e propor  solução”, detalha o educador Igor Rocha.

As atividades de reinserção social na Penitenciária Adriano Marrey, coordenadas pela SAP/SP, têm o apoio da Vara de Execuções Criminais de Guarulhos, da Fundação Prof. Dr. Manuel Pedro Pimentel, Faculdades Integradas de Guarulhos, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Prefeitura de Guarulhos. 

O juiz auxiliar da Presidência do CNJ e coordenador nacional do Programa Começar de Novo, Luciano Losekann, elogiou o trabalho desenvolvido na Penitenciária de Adriano Marrey: "Um dos aspectos mais importantes da reinserção social é o de trabalhar com a dignidade das pessoas presas, seus direitos, deveres e possibilidades de escolha, de modo que a partir daí possam assumir com responsabilidade uma postura diferente frente ao mundo. A iniciativa de Guarulhos consegue resgatar e trabalhar de forma muito criativa esses aspectos, por meio da dramatização de situações cotidianas".


FAZEI JUSTIÇA AO POBRE E AO ÓRFÃO , JUSTIFICAI O AFLITO E O NECESSITADO.    Salmos 82/3

2 comentários:

  1. Parabéns pela atitude e iniciativa! Parabéns pelo projeto! Bela intenção

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  2. Olá!
    Tudo bem?
    Me Chamo Robson Parente, sou ator, produtor e professor de teatro em Goiânia-Goiás. Assisti ao filme na quebrada e fiquei feliz com o resultado obtido. Como sempre assisto os creditos e foi onde pude entender melhor a dinamica do projeto do filme e o que estava por detrás de tudo. Vi o trecho do trabalho que vocês realizam no presidio e isso me chamou muito a atenção, pois já fiz um trabalho no maior presidio do estado POG-Penitenciaria Odenir Guimarães por dois anos. Mas o que me levou pra lá foi o trabalho que ja realizava e ainda realizo a 12 anos com menores infratores e que estão cumprindo medida socio educativa.Nesse momento tudo está suspenso por conta da epidemia, mas atividades ocorre de forma remota e escrita. Gostaria se possivel trocar informações e compartilhar as experiencias com esse publico. Aguardo retorno.

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