quinta-feira, 13 de novembro de 2014

PROJETO "ALEITAMENTO SAUDÁVEL" EM PRESÍDIOS FEMININOS.



Foi lançado na manhã desta terça-feira, na Penitenciária Feminina do Paraná(PFP), unidade de regime fechado da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, localizada em Piraquara, o Projeto “Aleitamento Saudável em Unidades Prisionais Femininas”, desenvolvido pelo Departamento Penitenciário Nacional(DEPEN),do Ministério da Justiça. A solenidade contou com a presença da atriz Maria Paula, que é embaixadora da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (BLH), do Ministério da Saúde, e veio para fazer palestra para as 30 mulheres que são mães e se encontram na PFP. O foco foi a importância dos cuidados nos primeiros meses de vida para o desenvolvimento físico, psíquico e emocional do bebê. 

A Rede BLH objetiva promover a saúde da mulher e da criança mediante a integração e a construção de parcerias com órgãos federais, a iniciativa privada e a sociedade. Os órgãos trabalham em conjunto, com apoio da Embaixadora, para a definir estratégias de ação, visando orientar as mulheres privadas de liberdade sobre a importância de alimentar os recém nascidos com o leite materno.

Maria Paula disse já ter falado numa penitenciária em Brasília “e foi incrível, ontem estava no Rio de Janeiro e hoje estou no Paraná. A gente tem um “tour” pelo Brasil todo e espero tocar os corações dessas mães e poder proporcionar um ambiente um pouco mais favorável para esses bebês”.

Ela destacou que, de forma geral, as mulheres detentas são muito invisíveis para a sociedade. “Poucos pensam que elas estão vivendo essa realidade de ter filhos dentro da prisão, que já nascem “condenados”, numa situação emocionalmente complicada e a gente sabe que esse primeiro momento, de 0 aos 6 meses é bem determinante na vida de uma criança”.

Então, disse ela, “eu resolvi fazer essa campanha de ir aos presídios para falar desse momento de acolher o bebê, olhar no olho, amamentar se puder e se não puder, apenas tocar, cantar e formar esse vínculo afetivo. A criança vai crescer mais determinada, para se tornar um adulto mais equilibrado, e estaremos evitando novos presídios, Febens, e o envolvimento dessas crianças com drogas”.

Segundo a Embaixadora, quando começou a fazer campanha para o aleitamento materno, “a gente conseguiu chegar a uma das metas da Organização Mundial de Saúde de mortalidade infantil. Uma meta que era para 2018, conseguimos em 2012. Esse tipo de campanha é muito efetivo, porque toda mãe quer fazer o melhor pelo filho. Quando ela não está sabendo fazer direito e você dá a orientação certa ela vai e faz”.

“Estou extremamente impressionada. Já sabia que aqui no Paraná existe uma série de parcerias, e várias coisas já estão acontecendo. Estava preparada para ir à um lugar onde as pessoas já estão receptivas. Em alguns lugares eles nem deixam e eu entendo, mas fico muito feliz em ver que alguns estados já estão um passo a frente nessas questões e sem dúvida nenhuma o Paraná é um desses estados”.


A diretora da PFP, Rita de Cássia Costa, destacou a presença de Maria Paula, afirmando que “ela externou palavras e emoções que saíram da alma” e que certamente foram de grande importância para as detentas e todos nós”. 

Rita enfatizou ser “uma honra para nós do Paraná receber esse projeto que é um estímulo ao aleitamento materno, mostrando todo seu benefício, o quanto é importante para a criança e também para a mãe. A presença hoje do DEPEN Nacional e da embaixadora Maria Paula na Penitenciária Feminina foi justamente isso”. 

O evento contou também com uma palestra ministrada por José Roberto da Silva, da consultoria A Cor da Letra, abordando a importância da leitura para os bebês e para as crianças, desde o momento da gestação.  A consultoria é parceira da Fundação Itaú Cultural, que doou à creche uma biblioteca com 49 títulos infantis, além de uma coleção literária parta cada mãe presa. Esta ação teve o intuito de promover dos laços afetivos e promoção da cultura dentro da Penitenciária.

Pioneiro- O Paraná foi um dos dois Estados brasileiros escolhidos pelo Ministério da Justiça para iniciar o Projeto. O outro Estado eleito foi o Rio de Janeiro e a ação está sendo deflagrada a partir de experiências apresentadas durante o 3º Encontro Nacional do Projeto Mulheres realizado em Brasília de 29.09 a 03.10, quando foram definidos os dois lugares para iniciar as atividades.

A coordenadora do Projeto, Gisele Peres, enfatizou a escolha do Paraná pela “estrutura física da PFP que mantém um bom espaço para a creche que acolhe os filhos das detentas”. Ela informou que o projeto de aleitamento surgiu no inicio de 2011, tendo em vista a gestão de mulheres e que existem materiais informativos sobre o assunto para as mulheres presas. “Ainda dentro do projeto, cabe destacar que no começo de 2015 iniciaremos o Aparelhamento, ou seja, a construção de salas para amamentação, com o conforto que o momento materno necessita”.

R.M.P., de 31 anos, tem uma filha de 12 anos e um menino de 1 ano e 6 meses que nasceu na prisão onde permanece com ela. Depois da palestra ela disse que “foi muito bom ter amamentado meu filho, apesar de que ele parou de mamar cedo, com sete meses e o projeto incentiva ainda mais as mães a amamentar seus filhos”. Para a detenta, “se essa fosse uma penitenciária que não permitisse esse vínculo seria muito triste, porque toda mãe gosta de estar perto do seu filho. Ele não merecia, mas acho que para o filho o lugar melhor é próximo da mãe, não importa onde”. 

A Lei de Execução Penal(LEP) permite que a criança permaneça com sua mãe presa, no minimo, até os seis meses de idade, podendo ficar até os seis anos, sendo que a Resolução nº 4/2009, do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária(CNPCP), recomenda a permanência até os dois anos de idade. A PFP mantêm um creche com capacidade para abrigar de 30 a 40 crianças, mas a média de idade de permanência na unidade tem sido até os dois anos.

Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.

Provérbios 22:6

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